segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Viver de musica X Conviver em musica I

    Acredito ser essa matéria a primeira que eu escrevo de uma maneira mais direta, e tratando de um problema sério, e não da minha empolgação em estar aprendendo sobre equipamentos. Acho que também ficou claro pra quem já lê esse blog, que não é uma amostra grátis da minha aula de guitarra, e que por tudo que eu construí, perdi e recuperei na minha vida, acho que não é uma matéria sobre coisas óbvias como um exercício que o seu professor de musica tem obrigação de passar e insistir sobre a importância dele, que vai virar discurso nas minhas publicações.

    Não pense no que eu estou escrevendo hoje como um desabafo cheio de revoltas infantis, mas como uma revisão dos meus treze anos de experiência como profissional na área da musica. Vou citar situações, mas não vou sitar nomes, mesmo assim eu garanto que muita gente vai se ver nessas situações. Todos nós passamos por coisas parecidas, e como o meio musical é praticamente uma cidade de interior onde todos nós vamos dar as nossas voltinhas de carro na praça central, provavelmente conhecemos muita gente em comum. Não pretendo também fazer um comunicado em forma de fofocas de vizinhos, pretendo sim expor minhas opiniões sobre a forma que este mercado promissor, disputado, e desvalorizado tem tomado rumos um pouco perigosos, e pode acabar se tornando um setor cada vez menos levado em conta.

    Em primeiro lugar, temos de definir uma coisa simples, que já deveria ser de conhecimento público e encarado com a devida seriedade. Musica é arte sim, e também é atividade profissional sim, e como profissionais de um setor tão importante para a sociedade, é dever cívico lutar para não nos tornarmos uma forma de mão de obra semi-escravizada, e isso acontece sim! Por outro lado, a ética de trabalho deve se tornar cada vez mais divulgada, por que o tal do "puxar o tapete do colega de trabalho" rola solto! Temos de definir que um professor de musica, em sua atividade profissional, está transmitindo o conhecimento adquirido (e pago também) na hora de educar um jovem aspirante a musico, ou desenvolver um trabalho que muitas vezes se assemelha à terapia ocupacional, para um aluno que só deseja executar algumas composições simples do artista que inspira admiração. E lembre-se também, que uma escola de musica, é registrada como uma empresa, ou micro empresa, que presta um serviço ao aluno, ou seja, além da atividade artística e intelectual, temos sim de valorizar e até prestigiar o setor comercial, sem ele, seria inviável ser professor de musica, pois haveria a necessidade de trabalhar em outro setor profissional e nosso setor seria só uma brincadeira de desocupados, o que de fato não é!
    Vamos lembrar que isso deve ser levado em conta para quem atua em palco, estúdio, e qualquer outro setor, não só o ensino musical, dou enfase no setor de ensino por ser a minha principal área de atuação. Com aulas de guitarra eu pago as minhas contas, os meus cursos, os meus livros, os meus equipamentos, comida, gasolina, impostos... Não somos seres tão diferenciados como todos pensam, somos seres humanos, e para os que eu escrevo, somos cidadãos da Republica Federativa do Brasil.

    Quando começamos a trabalhar, não existe um setor de estágios, temos de ir por conta própria, e de maneira "informal" vamos nos tornando profissionais liberais, até que uma escola de musica resolva nos dar a primeira oportunidade, geralmente por indicação de um amigo, ou por amizade com o proprietario. O triste é você ver que enquanto você agarra a sua oportunidade, a primeira que apareceu, você nota que um sujeito despreparado para atuar na área musical usa do "jeitinho Brasileiro" e da conversa para se promover, na região onde eu comecei minhas atividades, virou um argumento semi-verdadeiro o discurso de um cidadão que era mais ou menos o seguinte:
"Ler partitura, que nada, isso já era. Hoje em dia o que pega é outro lance... isso já era".
O pior é que ele convenceu muitos desavisados, e é lógico que o comparativo seria matricular uma criança na escola e ouvir do diretor: "Gramática? Por que ensinar gramática, a metodologia moderna é ensinar leitura através do Facebook, onde a expressão interior supera a capacidade ortográfica."  Assustador e verídico, esse cidadão ensinava guitarra, violão, baixo, bateria e acredite ou não, Piano.

    Aí eu me lembro dos professores da faculdade, alguns me deram ótimas instruções, me tornei um pouco mais apto em harmonia, contraponto, regência, percepção auditiva... mas teve também o outro lado, musico que se encontravam frente a frente de maneira cordial, mas por traz dos panos, um atacava a incapacidade do outro, na tentativa de engradecer seus pequenos atos. Lembro também da frase que eu mais ouvi dentro da sala onde eu fazia aula de guitarra: "Vou tomar um cafezinho e já volto.", mas retirei algo de positivo dessa situação: jamais abandonar um aluno, e jamais tratar meu aluno com descaso. Acho que isso faz diferença, pois tenho uma ótima relação com os meus alunos e no caso dos mais jovens, também com os seus pais.
    Por outro lado, vem o que oferecemos aos alunos como professores e mestres na arte de tocar um instrumento, o produto a ser negociado em questão, nada mais do que nossa forma de conhecer, estudar e fazer musica. Aí vem a parte mais divergente, e mais importante de todas, afinal cada aluno tem suas necessidades e cada professor o seu meio de desenvolver o seu trabalho. Nessa parte é que o nosso dever de informar, e também formar um futuro musico, profissional ou amador, deve ser balizado pela ética. Ética com nosso aluno, com a nossa filosofia de trabalho, com os locais onde trabalhamos, com nossos colegas de trabalho, e também com os nosso concorrentes (por falta de um termo melhor).

   Quanto ao ego do musico, valeria um artigo a parte, e se por acaso eu estiver em outro momento de desabafo, corre o risco de ser este um assunto sobre o qual discorrer. Não vamos ser hipócritas, usando da falsa modéstia para não deixar os outros "constrangidos", não é crime ser bom, nem afirmar isso, mas devemos manter o bom senso. Nem um musico vivo atualmente descobriu a escala maior, assim como nem um engenheiro atual inventou a roda, isso é fato. Acho importante frisar isso, pois sempre tem aquele sujeito que aprende a escala maior e acha que ele é quem é maior do que todos a sua volta. Aprender o óbvio não faz de você um grande sábio, manter a humildade de exercitar as suas habilidades, desde as mais simples até aquelas que exigem o seu máximo, isso é sabedoria.

    Agora, sabe aquele cara que faz o curso do seu lado, e além de achar que esta melhor do que a turma toda junta, ainda fala mal da escola e dos professores. Esse cara se mostra o oposto da minha visão quando entrega o jogo, normalmente ele tem duas intenções:
1- Desanimar os companheiros, para que ele, e só ele seja o detentor do conhecimento. (Geralmente um pobre coitado que não sabe que o Google existe)
2- Esse é normalmente mais perigoso para a instituição de ensino do que para os companheiros de curso, quer vender o mesmo curso oferecido pela instituição.
Nestes dois casos a ética foi pro lixo, mas o pior de tudo, a pessoa não enxerga o fato de ser inconveniente.

    Acho que qualquer dessas atitudes, deveriam ser repensadas, sinceramente. Este desabafo é reflexo de um professor indignado, de um aluno indignado e de musico indignado. Fui claro?

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Mudando um pouco as coisas

    Trocadilhos a parte -com a obra do grande (escritor,comediante, etc) Douglas Adams- resolvi mudar o título do blog. Renovar as coisas, quem nunca se viu em um momento assim.
    Para quem nunca leu os livros, aí vai um trecho do filme:


   Por que mudar um pouco as coisas? Bom, o fato é que eu estou mudando um pouco também, alguns pontos de vista, alguns conceitos, e tudo isso me leva a questão fundamental... 42!!! Quem nunca se identificou com uma história que leu, e depois percebeu que a parabula escondida na história é aquela que você vive?

  

Um grande abraço

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Equipamento Vintage Feito no Brasil

    Não faz muito tempo, eu estava relembrando a época em que eu comprava alguns instrumentos nacionais e depois de alguns reparos, repassava aos meus alunos. Cheguei a pegar guitarras péssimas, mas por outro lado tive a oportunidade de descobrir grandes instrumentos fabricados aqui em nosso país, e com sonoridades dignas de serem registradas e imortalizadas em grandes gravações. Outras ficariam perfeitas com um pequeno ajuste, ou uma customisação básica.

    O tempo passou, surgiram marcas mais baratas, graças a fabricação em massa feita pelos  Chineses, Koreanos, Indonésios... a guitarra provavelmente é um dos instrumentos musicais de maior produção e popularidade no nosso planeta. Enfim, comprar guitarras e revender aos meus alunos deixou de ser um serviço necessário. Acabei deixando de lado aque meu estoque de boas e velhas Gianninis Stratosonic, e outras velharias, que também começaram a se tornar raras e também mais valorisadas, assim como as Snake, Finch, Dolphins que ainda foram produsidas em solo Brasileiro.
    No fim das contas, entre as minhas guitarras restam apenas uma Fender Brasileira e uma Finch modelo Les Paul:



   Mas sem reclamações, em termos de vintage brasileiro, dois sonhos de consumo realisados. Parte da história da guitarra brasileira. Mas ainda guardo saudade de algumas guitarras, em particular a minha Giannini Les Paul da decada de 1970, que vendi para pagar uma mensalidade atrasada da faculdade. Me entristece mais ainda por lembrar que aprendi a tocar com aquela guitarra muito mais do que poderia ter aprendido com a metodologia arcaica da Faculdade de Musica. Mas isso não vem ao caso.
 
  Saudosismos a parte, eu sei que algumas guitarras dessa época que ainda guardam a sua integridade, e que não tiveram seus logotipos raspados, hoje, deixaram de ser instrumentos que valem entre R$50,00 à R$200,00, e passaram a valer entre R$900,00 à R$2.000,00.

  Aprendi muito sobre esses instrumentos, sobre a história deles, e até sobre o valor financeiro, frequêntando as lojas de instrumentos usados da Teodoro Sampaio, além de conversas interminaveis com colecionadores de guitarras e pessoas que viveram a época em que essas guitarras eram tudo o que existia no nosso país.

    Toda essa história vem junto com uma regulagem de uma Giannini Stratosonic, que esta com todas as peças originais. Um pouco castigada pelo tempo, mas uma guitarra que vale cada centavo da sua valorização atual. Eu estava querendo concientisar o proprietario da mesma, e fiquei indignado por não encontrar no google um mísero site ou blog ou o que seja sobre as nossas raridades, só ofertas de venda. Raridades que muitas vezes, quem possui, não tem idéia do valor, seja de mercado, de coleção ou uso profissional desses instrumentos. Nem mesmo da qualidade da nossa madeira, tão escassa e tão desejada mundo afora.
 
    A guitarra regulada:


    Cheguei a comentar com o proprietario da mesma, uma história de um amigo meu, que estava negociando com um colecionador de guitarras e violões vintage Brasileiros, e que o cara tinha praticamente tudo. Pois é, aquela guitarra que você abandonou no fundo do armario pode estar valendo ulguns Euros, e você nem sabe. Aliás, ela pode estar valendo alguns Euros por ter um som único e você que está procurando um instrumento legal, também não sabe...
    Mas se você toca guitarra, vale a pena saber. Também vale a pena lambrar que a guitarra pode ter a melhor madeira, a melhor ferragem, a melhor captação, e o pior marketing. Isso acontece na mesma proporção que o fator inverso!!!

Vale a pena saber!!!
Um braço

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

"Grow Your mustache"

    Pois é, falta de tempo e de inspiração para escrever foram mais uma vez os grandes responsaveis pela demora de um novo post. Mas, alguns ocorridos na vida podem mudar isso,e no momento seguinte você transborda assuntos para publicar!


    Hoje vivo o momento no qual há muito assunto para ser publicado, e estou muito inspirado para escrever. Pois é, não vou escrever por obrigação de manter o blog ativo, vou escrever por ter algo a dizer.

    Ontem, quinta feira, dia 22 de setembro, quinta feira, no meio de uma tarde ensolarada, tive a oportunidade de assistir o Masterclass do guitarrista Mathias Ia Eklundh, um dos guitarristas que eu tenho acompanhado com grande frequência por meios virtuais, há pouco mais de dois anos. Não é segredo para meus amigos, meus alunos, e pessoas que convivem comigo que eu considero o Mathias um dos maiores guitarristas que eu tenho ouvido nos ultimos tempos. Ontem tive a grande oportunidade de participar do masterclass e também de matar algumas curiosidades, a maior parte delas eu nem precisei perguntar, mas assim como eu me idêntifiquei com ele durante todo o tempo em que venho me informando das musicas e da maneira como ele cria esse estilo único e singular de tocar guitarra, ver e ouvir ele pessoalmente não foi diferênte.






     Além de descobrir que ele também é canhoto e toca como destro, ele também é um cara que pensa de maneira muito próxima a minha. Quando ele começou a falar sobre sua maneira de pensar musica, como uma forma de arte espontânea, baseada em improvisação e na necessidade de criar seu próprio estilo, se reinventar e como ele mesmo resumiu "Grow Your mustache", basicamente foi o mesmo discurso que eu trabalhei com os meus alunos desde que eu comecei a dar aulas. Claro, lições sobre ritmo, escalas exóticas e afinações abertas e formas de fazer musica cada vez mais fora dos padrões, também foram de valor inestimável aos presentes.
    Vale também lembrar o valor Humano por tras de toda a musicalidade do gigante Vicking/Guru das seis cordas, um cara super bem humorado e atencioso, num bate com a plateia, foto com os presentes e tudo mais. Mesmo cansado da viagem, e dificuldade de adaptação à mudança de fuso horario, o bom humor e a simpatia não vacilavam em nem um momento.





    E saindo da escola, ele foi diréto para a expomusic, no stand do Patrocinador, e eu fui andar um pouco por lá, ver alguns amigos meus, e também conhecer algumas novidades. Mas isso é outra história...
    Aos meus amigos, alunos e leitores, fica a dica: "Grow Your mustache"




segunda-feira, 11 de julho de 2011

Pedais, Limbo Virtual

    Acho necessário justificar em primeiro lugar que não abandonei o blog, e meu sumiço da net, mais uma vez se deve ao acumulo de tarefas. Claro, novidades sobre instrumentos customisados terão sempre um grande espaço neste blog.
    



    Hoje estou enviando uma foto de um projeto que está em andamento. Após alguns meses de curso com o Hobbert, na B&H, pude entender um pouco mais sobre uma das grandes paixões de todos os guitarristas, pedais. Estou fazendo dois protótipos de cada pedal que estou estudando no atual momento, um é baseado no RAT, e o outro um Fuzz com transistor de germanium, típico da decada de 1960. Não é facil, mas a satisfação de ver um equipamento sendo criado e modificado a cada passo é impagavel.

    Um grande abraço a todos

terça-feira, 24 de maio de 2011

Quando voltamos ao inicio para reavaliar





    Até agora só postei sobre a luthieria, mas hoje vou fugir um pouco do assunto.
    Esse mês foi muito corrido e não pude cuidar do blog como gostaria, porém, entre os trabalhos estudos e tudo mais rolou um momento feedback na minha vida, muito legal, coisas do tipo "Como vim parar aqui?", ou "Por que decidi viver da musica?".
    Este mês pude conferir ao vivo a banda que eu mais gostaria de ver na minha vida, o Accept. E foi mais do que simplesmente assistir a uma banda tocando em cima de um palco. Foi assistir um pouco da minha vida durante show. Muitas das musicas tocadas ao vivo me levaram a rever os momentos onde elas eram a minha válvula de escape, e até mesmo o momento de decidir por uma profissão e começar a cuidar da minha carreira. Acho que todos passam por isso em algum momento da vida, encontrar em uma influência externa a fonte de inspiração para o rumo da própria vida.
    Passei a minha vida toda estudando musica, tocando e sempre com os discos do Accept ao meu lado, e isso foi crucial para criar a minha identidade musical, e Wolf Hoffman foi o guitarrista que me inspirou em cada momento da minha carreira também, por isso foi um momento especial na minha vida, assim como assistir ao Udo Dirkshneider, em 2004, na tour do disco Thunderball, quando não havia a menor esperança de ver o Accept ao vivo.
    Hoje, vejo a grande importância do Accept no meu caminho, e não consigo imaginar minha vida como musico profissional sem as minhas referências musicais, e essa é a principal, com certeza.

Algumas fotos do show:






Um abraço a todos.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Stratocaster Relic (parte 3)








    Para essa ultima parte da matéria sobre a minha stratocaster relic, vou fazer algumas considerações finais. Por uma série de problemas, como uma gripe forte, e o fato de estar com algumas customizações por terminar, a demora no termino dessa matéria foi inevitável. O lado bom da demora foi o tempo, pude testar a guitarra em mais situações do que a ansiedade de falar sobre ela teria permitido, agora tenho uma visão geral não só da estética, como do desempenho geral da minha ultima aquisição já customizada.
     Pude mostrar para alguns amigos e conhecidos dos mais diversos níveis de entendimentos sobre o assunto, e as opiniões contribuíram muito para fechar essa matéria. Elogios de guitarristas profissionais, questionamentos de pessoas que não tem ligação com o nosso universo paralelo das seis (sete ou oito) cordas. E como vou falar não só do acabamento, vou comentar um pouco dos momentos em que passei com essa guitarra nas mãos durante os últimos dias.
Visual:
     Em primeiro lugar, o projeto é um acabamento relic, ou seja, a arte de envelhecer e acidentar a guitarra, para dar uma aparência de uso intenso. Acho que uma pesquisa sobre onde começou e como virou febre entre os amantes de stratocaster será uma matéria longa, e quem sabe em outra oportunidade, mas, alguns guitarristas que tiveram uma influência forte na minha paixão por este conceito foram: Steve Ray Vaugham, Eddie Van Hallen, Jimmi Hendrix, Rory Gallagher...
    Tive a oportunidade de dar uma volta com ela e as reações ao conceito e visual foram positivas, então o fator visual com certeza agradou a muitos.

Hardware:

    Neste ponto fui econômico, utilizei dois captadores Kent-amstrong (ponte e braço), e um dimarzio hs-4 (meio). Ponte e tarraxas que estavam guardadas, afinal tinham sido retiradas das guitarras originais, ou seja, reutilizei peças guardadas na minha oficina.

Sonoridade:

    Para ser sincero, gosto mais de captadores de imã cerâmico, casam melhor com a minha pegada. Não é uma verdade universal, só o meu gosto pessoal, por isso pretendo trocar os captadores futuramente. Mesmo assim, a guitarra é muito leve e ainda assim com um sustain condizente com uma boa stratocaster. Além de aulas no meu homestudio, pude testar a mesma guitarra na sala de aula de uma escola de musica onde esporadicamente dou algumas aulas, sem pedais, sem loop-station, só amplificador, e mesmo assim a guitarra me atendeu acima do esperado em todos os momentos. Desde o momento onde tirar um som super limpo até os mais riff mais agressivos com drives bem diversos, alguns pedais que sempre acabo usando como o meu Nux AS-3, o Ibanez DS-7 e o Boss Hiper Metal, fizeram uma gama variada de timbres legais. Usando a sexta corda em D, C e B pude partir para lances mais agressivos, e tocar durante horas sem ter vontade de mudar de guitarra. Mesmo tendo a versatilidade acho que o ponto forte dessa guitarra é o som que saiu na hora de tocar um blues, ela se saiu realmente bem.

Considerações finais:

    Uma guitarra de baixo custo, modificada, bem regulada, e projetada para atender o musico, nos diversos momentos profissionais é a relação custo/beneficio ideal.  Como nem sempre vejo vantagem em andar com guitarras caras por aí, acho um instrumento de baixo custo ideal para diversos trabalhos. Não vejo vantagem em sair com um instrumento muito caro para todos os trabalhos, e acabei por transformar outro instrumento barato em um bom instrumento, assim posso ter um som que atende as minhas exigências sem ter de andar com uma guitarra pesada ou muito cara. Digo outro instrumento por não ser o primeiro a ser transformado para atender as minhas necessidades.
       Ao lado da guitarra que é o nosso assunto, podem ver a minha Fender 1992, também modificada, aliás ela também será assunto num momento oportuno. Assim como algumas das customizações que tenho feito nas guitarras minhas e dos meus clientes.

Um grande abraço.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Stratocaster Relic (parte 2)

    Estive um pouco ocupado com problemas pessoais. Por isso demorei um pouco para fazer este post. Resultado: a guitarra esta pronta, mesmo assim, o assunto dela rende pelo menos este post e mais um.
    Algumas coisas foram planejadas, para reforçar o conceito, e outras, simplesmente por obra do acaso...






    Após descascar a pintura e proteger com uma camada de seladora, o destaque ficou legal... assim como a diferença da marcação na casa 21, que veio faltando no braço e me deu a oportunidade de reinventar, afinal acabei fazendo ela com um pedaço de osso bovino, sobra de um nut, feito para um cliente no fim do ano.
    Já a ponte, perdeu a aparência uniforme dos carrinhos. Não me pergunte como, mas o carrinho da quinta corda quebrou, e troquei por um que estava perdido... Além da aparência detonada, mexi no conceito de simetria do acabamento, e pelo que ouvi de comentários dos amigos que tocaram pelo menos seguraram ela por alguns minutos, o conceito agradou muita gente.




    Já a parte elétrica, estava guardada aqui em casa. Pertencia a uma stratocaster creme, onde instalei um jogo de intruder, da Malagoli.
    Esta parte elétrica em questão, segue o padrão Fender, com uma única alteração, que normalmente faço em todas as minhas stratocasters, o botão de tonalidade do captador do meio soma a função de tonalidade do captador da ponte, afinal eu uso isso, e é muito fácil de acrescentar... (falarei sobre este assunto futuramente)


    Então, antes de tocar, regular, e conferir todos os detalhes é muito importante!






    No próximo post, pretendo publicar um pouco sobre a guitarra, já acabada, testada, e como ela esta sendo funcional no meu dia a dia...

Até lá,
Um grande abraço

PS: agora a blog tem um player no canto e você pode ouvir algumas musicas do meu primeiro trabalho solo.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Stratocaster Relic

     Pois é, estou mais uma vez adiando a mudança de assunto do blog. O que acontece é que estou bastante focado nos trabalhos de luthieria ultimamente e acabei nem comaçando a escrever sobre o próximo assunto (dicas para estudo de guitarra), mas prometo que vai rolar.
     Minha guitarra preferida é indiscutivelmente a Les Paul, eu lembro da primeira vez que vi o Jimmi Page tocando com uma. Mas essa paixão vem seguida pelo meu segundo modelo preferido, a stratocaster, e essa tem uma vantagem para os musicos que gostam de customisar e personalisar seus instrumentos: ela aceita praticamente qualquer configuração e modificação. Inspirador, não?
    Relic, ou "relicar" um instrumento é fazer com que ele ganhe uma aparência envelhecida, ou acidentada, que realmente é a minha preferida, imagina aquela guitarra que sobreviveu a inumeros show, estrada, chuva, sol, vento, e tem história para contar... pois é, meu conceito é dotar o instrumento de personalidade, e estive trabalhando na minha nova strato. Acabamentos relic em sunburst, é quase obrigatório, e vou deixar algumas fotos a mais.
    Ainda vou levar mais uma semana até tocar com essa guitarra, mas antes que você se assuste, pensando que eu destrui uma guitarra com valor histórico ou algo do tipo, essa guitarra eu separei pra mim no meio de um carregamento de corpo e braço que eu estou revendendo, fabracados na china, e prontos para receber qualquer tipo de customização que meus clientes pretendam fazer em cima do original.
      Na minha guitarra, modifiquei o headstock retirei a marca original. Não sou muito fã de marcas, só não saio raspando a de outras guitarras para não perder valor de mercado, ou histórico, como no caso da minha Finch Les Paul, mas isso fica para outra matéria, a história é meio longa. Como já declarei a minha paixão por instrumentos capotados e detonados em termos de visual, deixei um calombo na ponta do headstock, parece que foi batido, mas foi feito a mão com todo o cuidado, além de deixar o corte torto, e a marca do verniz refeito a pincelada, é para ressaltar isso também.
     Eu sei que você vai dizer "Tosco!!!", ou, "Você pode fazer mil vezes melhor que isso!!!", mas a intenção era essa, ficar podre.
  
    Tudo é uma questão de conceito, o trabalho aqui foi extremamente oposto ao do post anterior onte eu estava restaurando um acidente na SG de um cliente.

Um grande abraço

terça-feira, 22 de março de 2011

Aquela hora em que você diz: Deu Merda!!!

Acidentes acontecem, e dessa vez mudou até o tema do post dessa semana. Estava pensando em escrever algo sobre algumas maneiras que estão me ajudando na hora de estudar e dar aula, mas tive uma semana agitada na minha oficina/estudio/sala de aula que me motivou a mostrar o que pode acontecer com uma guitarra quando cai.

Vamos ao acontecido:
    Tenho entre os meus clientes alguns amigos pessoais, que muitas vezes vem na minha oficina, pra bater um papo, ou trazer um instrumento. Neste dia vieram tres, só para trocar corda. Um dos instrumentos, a SG-100 da Epiphone sofreu uma queda quando ele estava indo embora. Na hora que eu ouvi o barulho da queda pensei comigo "Braço rachado!!!", a parte mais fragil de modelos Les Paul e SG, é aquela curva do final da escala para o headstock, é até comum ver guitarras desse modelo com rachaduras nessa região, e algumas vezes não é por tombo. Dessa vez eu errei, ainda bem, a parte afetada não afeta uma região tão significante do instrumento, mas mesmo assim, a guitarra perdeu um pedaço na queda, no box onde fica a parte elétrica da guitarra.

    Parece mais assustador do que realmente é, com um pouco de paciência, cola, e experiência no assunto é facil de resolver.




     Então, colar as peças e reconstituir a parte que foi desfeita na queda, levou dois dias, mas a colagem ficou boa, esse é o mais importante. Depois, foi a parte do acabamento, para disfarçar um pouco:



    Como sou um grande fã de guitarra relic, não ligaria a minima para as marcas se a guitarra fosse minha, na minha opinião elas dão uma certa personalidade para o instrumento, alias, logo terei o prazer de mostrar mais uma customização que estou fazendo para mim, justamente com este conceito de relicar a guitarra. Mas como na verdade essa guitarra não pertence ao meu amigo e sim a sua filha, preferi disfarçar ao máximo, e também mostrar a ela uma SG com o acabamento desfazendo, marcas de uso e pertencente a um dos meus Guitar Heroes preferidos:
    E aqui esta ela, simplesmente uma das guitarras responsaveis por meus doze anos como profissional de musica.
   
Concluindo:
     Também é legal frisar algumas dicas que eu acho importantes para evitar este tipo de situação, na verdade a guitarra caiu dentro da Bag, por um motivo um pouco incomum, a alça soltou. Então, não economise demais na hora de investir na proteção da sua guitarra, compre bags ou cases de confiança, assim você tranporta o seu instrumento com mais tranquilidade. Se o acolchoado da bag em questão fosse um pouco mais reforçado, talvez a guitarra não tivesse problemas, e se a alça fosse melhor, provavelmente não haveria queda.

    Um abraço a todos

sábado, 12 de março de 2011

Ao mestre a devida homenagem

    Acabei de receber a divulgação e resolvi repassar, no blog, no myspace, facebook, orkut, carro de som do bairro... o que pintar para a divulgação. O pessoal do site guitar clinic, em parceria com alguns dos maiores guitarristas do brasil, entre eles, meu amigo, guitar hero e professor Marcio Okayama e outros mestres da guitarra fizeram um tributo ao Jason Becker. Vale a pena conferir, e muito, afinal, os nomes de maior importancia na guitarra no brasil estão tocando, e fazendo um apelo para todos que puderem ajudar um dos maiores ícones do nosso instrumento e um ser humano que mobilizou e inspirou muitos de nós.
    Para quem não conhece a história deste grande herói da guitarra, vale a pena buscar uma biografia, mas em resumo, ele fez a guitarra virtuose mudar de conceito de uma maneira que poucos ou nem um guitarrista na época seria capaz, e aos vinte anos sentiu os primeiros sintomas de uma doença rara chamada esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa que paralisou todos os seus movimentos. Uma história trágica mas que demonstra a grande força e valor pessoal desse grande gênio da musica. Mas ele precisa de nossa ajuda, então vamos divulgar ao máximo.

Aí segue o link para o projeto: http://www.guitarclinic.com.br/
Obrigado e um grande abraço a todos.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Construindo

    Estou construindo a minha primeira guitarra no segundo módulo na B&H.
    É muito legal você poder trabalhar em seu projéto, e buscar o seu som nos mínimos detalhes. Não sei dizer ao certo quantas guitarras diferêntes eu já comprei, vendi e troquei nesses anos. Mas a idéia de pegar uma peça de madeira crua e transformar na sua guitarra é uma experiência muito mais interessante do que eu podia imaginar. O braço da minha tele com 24 casas está quase pronto, enquanto estou trabalhando incansavelmente na minha guitarra, vou postando algumas fotos.

 Um grande abraço

quarta-feira, 2 de março de 2011

Ok, hora de começar

     Pois é, estou ficando um pouco mais moderno, resolvi fazer um blog. Aí vem aquele momento de saber como fazer e como começar. Acho que o melhor seria explicar por que de começar a fazer uma pagina de publicações. Muitos momentos oportunos vieram e se foram desde o momento em que me disseram que seria uma ideia legal fazer um blog, a problemática maior era com certeza os motivos.
    Diversos motivos apareceram e se foram, alguns me pareciam meio futeis ou simplesmente mercenarios. Mesmo assim a idéia de começar um blog tinha algo interessante, senão este aqui não teria começado neste momento.
    Acho que pode ser uma experiência muito legal trocar idéias com as pessoas sobre musica, com foco principal na guitarra, equipamentos, testar algumas coisas junto com os amigos, dividir experiências e pensamentos. Isso já acontece normalmente no meu dia a dia, afinal trabalho com musica em tempo integral, mas a experiência de publicar em um blog pode ser produtiva.
     Acho que a idéia pode agradar.